
Treinadores precisam estar atentos a todos os aspectos do evento, dentro e fora de quadra
Caxias do Sul/RS – Muito vem sendo falado sobre a evolução do tênis nos últimos anos. Desde o aspecto emocional, passando pelo desenvolvimento de novos materiais, até a parte física do atleta. Além do treinador, há o acréscimo de outros profissionais no staff. O tênis se encontra em um novo momento e a constatação geral é de que a modalidade está “mais rápida”, com os técnicos assumindo um papel que vai muito além das quadras. No 47º Banana Bowl, que pela primeira vez acontece no Rio Grande do Sul, vários treinadores estão ao lado de seus atletas, observando não só o desempenho de seus pupilos, mas os demais fatores que fazem parte do evento realizado nas quadras do Recreio da Juventude.
SENSIBILIDADE – Com a experiência de ter sido jogadora profissional, onde chegou à posição 171 do ranking da WTA, a caxiense Sabrina Giusto acompanha com total atenção o que acontece no Banana Bowl. Trabalhando há 23 anos com tênis, sendo 21 na equipe da Sogipa, de Porto Alegre, ela chegou a Caxias do Sul com 13 tenistas para esta edição do torneio. Ser treinadora foi uma missão que a vida lhe encaminhou. “Acredito que sou mais que uma treinadora, sirvo como orientadora, principalmente das meninas. Minha presença na competição contribui com o lado mental”, considera. Sobre a questão de haver poucas mulheres trabalhando com o tênis competitivo, Sabrina não vê isto como preconceito, mas sim uma consequência da sociedade. “É uma pena, deveria haver mais mulheres no circuito. Até existe na formação, na base ou no social, mas na competição o número é muito pequeno. Depois que as profissionais se aposentam, na sua grande maioria preferem seguir outras carreiras”.
Sabrina reforça seu respeito com os treinadores masculinos e acha que eles também ajudam no processo das atletas, mas sabe que há outros aspectos envolvidos, além do lado técnico. “Devem ser levados em conta, principalmente fora da quadra, o lado emocional, a TPM, a maior sensibilidade das meninas. Existe ainda o ambiente mais reservado de vestiário e de hotel, que é diferente entre meninos e meninas”, analisa a técnica. Quanto às mudanças dentro da quadra nos últimos anos, Sabrina acredita que as americanas e as europeias estão em vantagem, pois jogam mais dentro da quadra, mais agressivamente, encurtam os pontos. “As brasileiras e latinas estão em desvantagem. Isto é uma questão de mentalidade, postura, estilo e jogo”.
ORGANIZAÇÃO – Há mais de 30 anos trabalhando com tênis e desde 2010 como treinador da equipe da Associação Leopoldina Juvenil, de Porto Alegre, Edson Krause, 52 anos, chegou à serra gaúcha com 11 atletas. Para Edinho, como é mais conhecido, trazer tantas crianças para um torneio deste porte é uma grande responsabilidade e, ao mesmo tempo, demonstra uma confiança que os pais e os atletas possuem no trabalho. “Temos um sistema de organização bem entendido pela maioria. Precisamos ser mais do que treinadores. Cuidamos de horários, alimentação, repouso, entre outras coisas”, explica. Em relação às mudanças verificadas nos últimos anos, Edinho confirma que elas são muito grandes. “A gurizada é mais profissional hoje em dia. A globalização, a informação minuto a minuto, o que acontece no outro lado do mundo, eles sabem online. Estão atentos a todos os detalhes, além da evolução do jogo em si, onde existe um material melhor. Os jogadores batem mais forte, jogam mais dentro da quadra”, analisa Edinho.
CARÁTER – Treinador das categorias de menores da Confederação Brasileira de Tênis por muitos anos, o paulista Roberto Carvalho, 40, é treinador e proprietário da CS Tênis, localizada em Itu, São Paulo. Ele está em Caxias do Sul com cinco atletas e acredita ser muito importante a presença em um torneio deste porte. “Aqui eles aprendem muitas coisas, vivenciam o dia a dia de um grande campeonato. Alguns vêm para obter experiência e outros para ganhar, mas é válida toda a participação”, afirma. Para ele, o trabalho de treinador vai muito além das quadras. “Também ajudamos no crescimento deles como pessoa, na formação de caráter”, destaca. Na sua avaliação, a grande diferença de hoje para o tênis jogado há mais tempo está no aspecto físico. “Depois dos 14 anos a gurizada tem uma vida de quase profissionais. Não devem largar os estudos, mas passa a ser uma rotina puxada”, diz Carvalho.
O Banana Bowl é o mais tradicional torneio da América do Sul. Em Caxias do Sul também é realizada a categoria 12 anos, chamada de Bananinha, além dos 11, 10, 9 e 8 anos, conhecidos como Tennis Kids. A categoria 18 anos acontece na Sociedade Recreativa Mampituba, em Criciúma. O evento tem a realização da Federação Gaúcha de Tênis e do Recreio da Juventude, com patrocínio de CBT Correios, Unimed Nordeste-RS, Bitcom e Perfil Imóveis.
De Zotti – Assessoria de Imprensa