João Loureiro e Pedro Boscardin são candidatos na categoria 16 anos na Sogipa e estreiam nesta terça-feira. Gaúcho Gustavo Tedesco vence a primeira nos 14 anos
A rotina parece severa para garotos de 14 e 15 anos, cheia de regras, horários, viagens, treinos e muitas renuncias. Mas é assim que o mineiro João Victor Loureiro e o catarinense Pedro Boscardin Dias tentam a “sorte” de um dia poder participar do glamour do tênis mundial. Atualmente treinando na academia RS Tennis, de Joinville (SC), sob o comando do técnico a Ricardo Schlachter, eles vivem uma rotina de um tenista profissional, só que jogando torneios infanto-juvenil e buscando o lugar ao sol.
Os dois estão entre os principais favoritos da categoria 16 anos com pontos para o ranking Sul-Americano e estreiam nesta terça-feira no Clube Sogipa na 35ª edição do Campeonato Internacional Juvenil de Tênis de Porto Alegre, também conhecida como Copa Gerdau – Itaú, que tem o apoio da Lei de Incentivo ao Esporte – Ministério do Esporte – Governo Federal do Brasil. O evento é um dos nove maiores do mundo e o maior da América do Sul.
O próprio treinador é quem relata a dureza do circuito: “A dura realidade é esta, treinos, viagens, campeonatos, tudo em prol de um único objetivo, ser um tenista profissional. Quando não estão competindo, treinam em dois períodos. Entre físico e técnico na quadra são quase cinco horas diárias. O colégio agora é online,” explica. Para chegar a ser um tenista profissional depende de vários fatores, mas o principal é dedicão, foco, talento e muito treino. “O glamour dos melhores tenistas é para poucos, não só no tênis, mas todos os esportes são assim. Tentar entrar neste seleto grupo, restrito a poucos, é o sonho de todos”, comenta.
Este ano, a programação de Schlachter e seus pupilos é jogar entre 20 a 25 torneios na temporada, além de fazer um intercâmbio na Espanha, provavelmente entre abril e maio. Sobre a rotina com eles, o técnico diz que não é fácil, principalmente porque normalmente acumula outras funções, alem de treinador: “Aqui em Porto Alegre, como é perto, veio preparador físico e psicólogo, que ajudam bastante, mas normalmente é só eu e os dois. Ai tenho que ser tipo um pai, ajudando também com hotel, alimentação, logística e tudo mais. Mas que a convivência de muito tempo trabalhando junto ajuda numa boa relação”, destaca.
Apesar de estar recém em fevereiro, Ricardo Schlachter esclarece que os objetivos traçados para o primeiro semestre para seus dois atletas estão até acima das expectativas. Enquanto Loureiro venceu quatro etapas da categoria 16 anos (Argentina, Colômmbia, Paraguai e Banana Bowl, em Criciúma) e soma dez vitórias seguidas, Boscardin tem uma final e uma semi: “Se tudo correr bem, ambos vão conseguir vaga na gira européia, principal objetivo no começo do ano. Loureiro é o primeiro do ranking Cosat e Boscardin o sexto. Os quatro primeiros do ranking ganham vaga para jogar na Europa.”
Para o segundo semestre os objetivos são diferentes e as dificuldades devem aumentar. Ambos vão começar a jogar a categoria 18 anos, valendo para o ranking ITF(Federação Internacional de Tênis). “Sei que no primeiro momento não serão tantas vitorias, mas é administrar os resultados e manter o foco do trabalho realizado, acredita o treinador.
Sobre o momento de Loureiro, que vem de quatro títulos de etapa Cosat, o treinador diz que é fora da curva este tipo de resultado. “O tênis e parelho, muita gente boa jogando, é uma exceção o que ele está fazendo nesta temporada”.
Loureiro, que é mineiro, mas está morando há três anos em Santa Catarina, sabe da dificuldade de morar fora de casa e da rotina de trabalho. “Agora estou mais adaptado, minha mãe mora comigo, mas no começo foi difícil. Temos que muitas vezes renunciar algumas coisas, não ver amigos, família, mas também viajamos a muitos lugares pelo mundo e numa equipe ótima. Então tudo tem um porém, é seguir em frente com nossos objetivos. Tudo tem prós e contras”, diz ele.
O que pode gerar uma maior motivação para Loureiro e Boscardin é a proximidade com o maior ídolo da história do tênis brasileiro, já que Schlachter tem uma grande amizade e bastante convívio com Gustavo Kuerten e já derrotou o tricampeão de Roland Garros em abril de 1998, pouco após a primeira conquista de Guga que veio no meio do ano anterior: “Treinávamos juntos, sempre juntos em viagens, ele parava na minha casa em Joinvile e eu na dele em Florianópolis. Agora ele me ajuda passando dicas e experiências, que tento passar para os guris. O João até já ficou na casa dele em uma ocasião. Não tem um maior incentivo para um garoto que o Guga,” finaliza.
Tanto Boscardin como Loureiro estreiam nesta terça-feira no clube Sogipa. Boscardin encara o brasileiro Márcio Silva não antes das 12h e Loureiro encara o também tenista da casa Rafael Bortoli, logo a seguir ao jogo do companheiro.
Gaúcho, Tedesco vence na estreia nos 14 anos
Uma das maiores promessas do tênis gaúcho e brasileiro, Gustavo Tedesco começou com vitoria na categoria 14 anos masculino da 35ª edição do Campeonato Internacional de Tênis de Porto Alegre, que está sendo jogado nas quadras Sogipa. O atleta de Caxias do Sulganhou do paranaense Pedro Abdalla, em dois sets, placar de 6/3 7/5. Sobre a partida, Tedesco disse que entrou muito focado, apesar de ter desligado em alguns momentos do segundo set. “Sabia que entrar bem seria primordial para a vitória. Neste nível, qualquer deslize pode ser prejudicial. Agora quero ir mais longe, porque não passei da segunda rodada nos dois Cosat que joguei este ano,” coloca.
O tenista de 13 anos, que venceu a maioria dos torneios da categoria 12 anos no Brasil em 2017, sabe que esta temporada é de muita experiência, mas se conseguir alguns bons resultados seria gratificante. “Meu primeiro ano na 14, antes jogava só com adversários daqui, nesta categoria já vale para o ranking sul-americano, realidade diferente, adversários muito mais fortes. Independente do resultado, vou seguir meus treinamentos e focado nos objetivos”, esclarece.
Tedesco comenta que sua rotina fora de torneios é treinar entre duas a três horas por dia na quadra e mais duas a três vezes por semana na academia, fazendo físico. Ainda este ano está planejada uma temporada de treinos na Europa, informou seu pai e treinador, Joceli dos Santos.
Pela segunda rodada, nesta terça-feira, na Sogipa, sem horário definido ainda, o gaúcho enfrenta o peruano Gianluca Ballota, décimo primeiro classificado.
A 35ª edição do Campeonato Internacional Juvenil de Tênis de Porto Alegre, também conhecida como Copa Gerdau – Itaú, tem o recorde de 59 países inscritos e conta com a participação de quatro jogadores do top 10 mundial, três no masculino e uma no feminino. A categoria mundial é jogada na Associação Leopoldina Juvenil e as demais categorias na Sogipa nos 16 e 14 anos, válidas pelo ranking Sul-Americano, 12 anos e Tennis Kids até 8 anos, pela Confederação Brasileira de Tênis.
O torneio tem a presença de jogadores da África do Sul, Alemanha, Argélia, Argentina, Austrália, Bélgica, Bielorrússia, Bulgária, Brasil, Canadá, Cazaquistão, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Croácia, Dinamarca, Equador, Egito, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, França, Geórgia, Grã-Bretanha, Grécia, Guatemala, Indonésia, Índia, Irlanda, Israel, Itália, Holanda, Hungria, Japão, Letônia, Malásia, México, Nova Zelândia, Paraguai, Peru, Polônia, Portugal, Rep. Dominicana, Rep. Tcheca, Romênia, Rússia, Sérvia, Suécia, Suíça, Tailândia, Turcomenistão, Turquia, Tunísia, Ucrânia, Uruguai, Venezuela.
São cerca de 1 mil atletas na disputa de todas as categorias do evento. A entrada é gratuita nos dois clubes da disputa.
O Campeonato Internacional Juvenil de Tênis de Porto Alegre é apresentado por Gerdau e Itaú. Tem apoio da Lei de Incentivo ao Esporte – Ministério do Esporte – Governo Federal do Brasil, Britânia, Prado Bairro-Cidade, April e Laghetto Hotéis. A realização está sob a responsabilidade do IGE – Instituto Gaúcho do Esporte, e a organização, da PROTENIS Promoções Esportivas. Os órgãos oficiais são a Federação Internacional de Tênis (ITF), a Confederação Sul-Americana de Tênis (COSAT), a Confederação Brasileira de Tênis (CBT) – Correios, patrocinador oficial do tênis do Brasil, e a Federação Gaúcha de Tênis (FGT).
Fabrizio Gallas