Aos sete anos de idade, depois de muito ver os primos praticarem o esporte, o pequeno Ederson Luís Lima fez suas primeiras aulas de tênis. A partir daí, ganhou cada vez mais intimidade com as raquetes e com todos os valores que vêm junto com elas. Hoje, aos 20, cursa a faculdade de Educação Física na PUCRS e se prepara para ser professor. O óbvio seria que esta história fosse a de um menino cuja família já tem tradição na prática do tênis, com acesso aos melhores clubes. Mas este não é um relato óbvio. O personagem desta fábula real nasceu na comunidade do Chapéu do Sol, na Zona Sul de Porto Alegre, e conheceu o esporte por meio da Fundação Tênis, uma organização não-governamental sem fins lucrativos que mantém uma base de trabalho no local. Na manhã desta quinta-feira, dia 20, ele contou a experiência durante a solenidade de abertura do 10º Torneio Rolando Garra, principal evento do calendário da Fundação, que ocorre no Parque Esportivo da PUCRS. Os jogos se encerram nesta sexta-feira.
– Como a maioria dos jovens da comunidade, eu não tinha ideia do que ia fazer da vida. Comecei a frequentar a Fundação porque meus primos e minha irmã estavam lá. O tempo foi passando e fui aprendendo os Valores Olímpicos, fui gostando, aprendendo, até que entendi que era isso que eu queria. Trabalhar com esporte e educação para crianças é o meu futuro – contou Ederson.
Aluno de Licenciatura em Educação Física, Ederson estagia na própria Fundação, onde busca reproduzir o que aprendeu com os professores que o inspiraram ao longo de sua trajetória. Durante o Rolando Garra, era abordado por pequenos atletas que vivem hoje o que o menino do Chapéu do Sol viveu há mais de uma década. Hoje, Ederson também é inspiração.
Inspiração que emocionou quem ouviu o seu depoimento, durante a solenidade de abertura.
– É muito bom ver que crianças vão ter um futuro como o do Ederson, que está passando adiante os Valores Olímpicos que aprendeu. Participar deste momento é um orgulho e um aprendizado para mim – afirmou o campeão olímpico do vôlei Gustavo Endres, que participou da abertura do Rolando Garra entregando medalhas aos jogadores destaque de todos os núcleos da Fundação.
O diretor presidente da Fundação, Paulo Roberto Leke, comentou que, no último ano, a Fundação cresceu pouco em números, mas muito em qualidade de atendimento às crianças. O objetivo para os próximos anos é aumentar o número de jovens atendidos – pelo menos mais 100 no Rio Grande do Sul no próximo ano.
Muito além do esporte, a missão da Fundação Tênis é atuar na educação e no resgate social das crianças em situação de risco.
– Ao longo do tempo, descobrimos que tênis é o menos importante. O que acontece em torno do esporte é o que transforma a vida das pessoas – comentou o superintendente da Fundação, Luís Carlos Enck, o Biba.
SOBRE A FUNDAÇÃO TÊNIS
A Fundação Tênis é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que realiza um programa socioassistencial, por meio do Esporte, com proposta pedagógica baseada na Educação Olímpica. Trabalha com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, desde que matriculados e frequentando a rede pública de ensino. Tem como objetivo promover o desenvolvimento desses jovens, a partir da vivência dos Valores Olímpicos – Respeito, Amizade e Excelência –, possibilitando que reescrevam seus projetos de vida.
Atualmente, assiste a cerca de 900 alunos m nove núcleos no Brasil, sendo sete no Rio Grande do Sul (cinco em Porto Alegre, um em Sapiranga e um em Igrejinha) e dois em São Paulo (um na capital e um em Santana de Parnaíba). No dia 11 de maio de 2017, a Fundação Tênis completou 16 anos.
A Fundação Tênis conta com o suporte financeiro de pessoas físicas, chamadas de Padrinhos, e de pessoas jurídicas, que se dividem em Mantenedoras e Apoiadoras.
Os Mantenedores da Fundação Tênis são Gerdau, Associação Leopoldina Juvenil, Banrisul, BRDE, BNP Paribas, Confederação Brasileira de Tênis – CBT Correios, Évora, Instituto Lojas Renner, Liberty Seguros, Lojas Colombo, PagZilla, Piccadilly Company, Public Broker, Sulgás, White Martins, XP Investimentos e Zaffari. Muitos desses aportes financeiros são realizados por meio da Lei de Incentivo Federal ao Esporte e de legislação de incentivo de municípios e estadual.
A 10ª edição do Rolando Garra conta também com apoio do Sistema Fecomércio-RS/Sesc e do ProEsporte – Conselho Municipal do Desporto – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Esporte da Prefeitura de Porto Alegre.
Cláudia Coutinho